3º DOMINGO DA PÁSCOA TARDOS PARA CRER
- encontrobiblicocat
- 25 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Estamos vivendo o momento da Igreja, At 2, 14.22-33, anunciando o maior acontecimento da história. Na catequese é o que denominamos de mistagogia, conduzindo o fiel ao mistério da vitória sobre a morte. Pedro, como primaz da Igreja, anuncia à grande multidão reunida em Jerusalém a glorificação do Senhor. É o anúncio querigmático. Com a efusão do Espírito Santo, vencendo todo o medo, ele proclama a vitória sobre a morte. Na pregação de Pedro, estreitamente relacionada com a morte e ressurreição de Jesus, já é uma realidade escatológica, etapa final da história da salvação que se desenvolve no tempo. Essa história está vinculada à ação do Espírito Santo, manifestação da longanimidade de Deus, mas correlacionada com a identidade de Jesus. Pedro não fica somente na morte e ressurreição de Jesus, mas faz um resumo de sua vida, pregação do Evangelho e prodígios operados por Ele. É o Messias esperado que devia ressuscitar dos mortos conforme as Escrituras. No final do discurso de Pedro, versículo 33, referindo-se ao Salmo 110,1: “Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita”, interpreta a ressurreição de Jesus como sua entronização junto do Pai, conferindo-lhe poder para exercer seu senhorio sobre a criação e a história. Esse senhorio lhe pertence desde toda a eternidade, é manifestada na sua concepção humana e confirmada na vitória sobre a morte.
Na segunda leitura, ainda Pedro, 1Pd 1, 17-21, lembra aos neófitos a herança alcançada pelo Batismo, promessas feitas por Cristo, no Pai, mas que também podemos permanecer fora de qualquer castigo. Como os pais terrenos que costumam ser bons com seus filhos, o Pai Celestial cuida dos seus, concedendo aos servos humildes a herança de sua benevolência. Mas, não se pode esquecer do preço do resgate pago pelo Redentor. Pelo pecado chegamos a ser presas do demônio, mas fomos salvos pelo precioso sangue de Cristo, que nos trouxe de volta ao seu convívio. Embora pecadores, continuamos a ser de Deus, afastados pelo pecado temporariamente, nos tornamos estranhos, recusando a filiação divina pela herança. Somos predestinados, mas morremos e fomos excluídos da graça, mas Cristo morreu, na carne, por nós, e não no espírito. Crer em Deus é recordar a morte de Cristo glorificado em sua ressurreição. Cristo havia dito: “Destruam esse templo e em três dias o reconstruirei”. E depois ainda afirmou: “Tenho o poder para dar minha vida e para recobrá-la de novo”. Entendemos que o Pai e o Filho têm tudo em comum, e que nossa herança não é corruptível. Ressuscitaremos em Cristo.
Com Lucas entramos na recapitulação da história da salvação, Lc 24, 13-35, motivo para conduzir a comunidade de fé frágil ao ambiente do reavivamento da salvação. É uma catequese com didática para retomar a Sagrada Escritura, atualizando o mistério eucarístico. Os dois discípulos partem de Jerusalém decepcionados, derrotados e voltam comovidos e entusiasmados. Entre eles está um peregrino desconhecido, que é motivo de sua mudança. Pelo diálogo, conduzindo com maestria, leva os discípulos desiludidos a reconhecerem Jesus, dando-lhes novas esperanças. De um lado, na expectativa de um messianismo político, do outro, a compreensão do verdadeiro projeto redentor do Pai. A antiga caminhada do povo de Deus tem agora a sua realização na história de Jesus. Uma caminhada com Jesus de Nazaré, marcada pelas frustrações, sofrimentos, humilhações provadas pelo “estrangeiro”, tem agora a realização salvífica em Jesus, segundo o relato da história bíblica, atualizada por Jesus. Surge, hoje, uma grande pergunta dos cristãos: por que Jesus, agora, não faz mais se ver, como nos primeiros tempos, para eliminar as dúvidas do seu povo? E a resposta o evangelista nos dá, como deus aos discípulos, os nossos olhos são incapazes de vê-lo, porque os nossos corações são preguiçosos e lentos para crer. Ele anda ao nosso lado como estava com os discípulos, mas é preciso reconhecê-lo, partilhar a mesa, partir o pão com Ele. Então abrir-se-ão nossos olhos e reconheceremos o Senhor.

Comentários