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Ano C – 19º DOMINGO DO TC - NÃO TENHAIS MEDO, PEQUENINO REBANHO


            As leituras deste domingo são ensinamentos sapienciais de como viver bem e voltado para o Reino de Deus. Fornecem pistas de fé para construir a solidez de uma vida enquadrada no Plano de Salvação. A Sabedoria parte da experiência de vida para encontrar respostas às perguntas da fé. É uma releitura da vida que fortalece a fé e não deixa fraquejar com as provações colocadas na caminhada.

            A Sabedoria (Sb 18, 6-9) recorda os anos de provações no cativeiro egípcio, enquanto o povo eleito sofria nas mãos dos ímpios, ela o alimentava com a esperança da liberdade, dando-lhe ânimo, pois sua fé não foi em vão, por isso aguardava a salvação dos justos e a derrota dos maus. É esse o ensinamento dos sábios: confiar em Deus porque Ele não se esquece dos bons filhos. A vida de quem confia e espera compartilha, igualmente, bens e perigos, porque são construções de caminhos consolidados que levam a Deus Pai. A Sabedoria recorda os Patriarcas que perseveraram e mantiveram acesa a fé da esperança. É a lembrança da fidelidade de Deus que não abandona quem confia. É uma releitura das promessas aos antepassados que continuam se cumprindo, em nós, que acreditamos e confiamos na vida eterna.

            Nessa mesma reflexão sobre a fé, a Carta aos Hebreus (11,1-2.8-19) aprofunda o dom da fé a partir de Abraão, ensinando que a fé é uma posse antecipada daquilo que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se vêm. Além de enumerar o testemunho de santos homens bíblicos, recorda de como Deus os preservou e os agraciou pela fidelidade. A fé nos ensina que aqui não é nossa terra, nossa pátria, somos estrangeiros, peregrinos. Esses personagens da Carta aos Hebreus aspiraram uma nova terra, uma pátria melhor, a casa celestial. Por isso Deus não se envergonhou por ter sido chamado de seu Deus. Fomos criados com a imagem e semelhança de Deus para projetar Deus na terra, de tal modo que alguém possa nos dizer: “você me lembra Deus, vendo você, vejo Deus”, não que sejamos deuses, mas vocacionados a sermos como Ele. Pela fé podemos transformar nosso meio, podemos colocar Deus onde Ele ainda não está, se bem que Ele é onipresente. Pela fé podemos viver Deus aqui, agora, hoje e sempre. Pela fé podemos possuir o céu desde agora.

            São Lucas (Lc 12, 32-48) nos apresenta a imagem do discípulo confiável caracterizado por duas atitudes:  a vigilância e a responsabilidade. O discípulo de Jesus e uma pessoa voltada para o futuro de onde espera a salvação. Por isso ele está atento a qualquer imprevisto. O futuro do discípulo tem um nome e um rosto: Senhor Jesus. Por isso o tempo da espera é o tempo da responsabilidade e da fidelidade. A longa espera oferece o risco da desilusão, da dispersão. Quando o Senhor demora a chegar, há a necessidade da vigilância perseverante, não deixar esmorecer pelo cansaço. E quando o Senhor os encontra vigilantes os elogia, chama-os de bem-aventurados e se põe a servi-los. A segunda parábola inspira-se no arrombamento noturno. As paredes das casas palestinas eram frágeis e fáceis de serem arrobadas por um ladrão noturno. Mas o sábio dono da casa não se deixa surpreender. A imagem do ladrão noturno representa a vinda inesperada do Filho do Homem, juiz ou salvador. Daí a necessidade de não se deixar vencer pelo cansaço e desânimo. Enfim, a terceira parábola que pode ser relacionada aos chefes e dirigentes das comunidades que, de acordo com sua resposta podem ser fieis e receber a recompensa, ou abusar do seu poder, trair a confiança do seu senhor e receber o justo castigo.

            Podemos ver, em Lucas, a atitude de Jesus em relação a seus discípulos e dos discípulos em relação a Jesus: um grupo de pessoas abertas à sua missão e vigilantes, outro, irresponsável e displicente. Em qual grupo nos enquadramos? A resposta tem o tamanho da nossa fé e da nossa responsabilidade.

 
 
 

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