ASCENSÃO DO SENHOR
- encontrobiblicocat
- 23 de mai. de 2020
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Estamos dentro de uma solenidade que nos traz Jesus para o presente. Não podemos celebrá-la como uma recordação nostálgica, mas vivê-la participando de sua realidade. Na primeira leitura, At 1, 1-11, São Lucas menciona seu primeiro livro, o Evangelho, relatando os feitos de Jesus, e agora, cumprida sua missão testemunhada por inúmeras pessoas, volta ao Pai. Merece destaque a expressão “prova”, indicando suas aparições durante quarenta dias, sinais interpretados à luz do Espírito Santo, confirmando a consciência de que Jesus é o vencedor da morte e reina junto com o Pai. Foi o tempo da preparação da Igreja, e agora a comunidade goza de uma experiência irrefutável com o Ressuscitado que é arrebatado ao céu, vivendo a Igreja.
Nesse relato há uma recapitulação da missão apostólica. Os Apóstolos já foram inflados pelo Espírito, na Páscoa da Ressurreição, agora há uma promessa imediata que personifica a missão: Recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Judeia e Samaria, e até os confins da terra (v.8). Nota-se que Jesus não responde à pergunta sobre o reino terreno, Ele confirma a missão da Igreja, na pessoa dos Apóstolos: fazer conhecer a todos os povos o Jesus de Nazaré, rejeitado pelos homens, mas glorificado pelo Pai.
A introdução de Atos apresenta as etapas de Jesus histórico: sua caminhada pregando o Reino de Deus, a ressurreição como uma realidade que pertence a este mundo, seguida pela Ascensão que é a glorificação de Jesus junto ao Pai, e depois sobre a vinda do Espírito Santo. Trata-se de maneira didática para apresentar o Filho de Deus realizando a missão em sua humanidade. Do ponto de vista da Igreja, a Ascensão é a última aparição de Jesus aos discípulos que, agora, assumem a missão de testemunhar o Evangelho a todos. E Jesus continuará próximo à sua comunidade, convertendo os corações e sustentando a missão da Igreja.
Na segunda leitura, Ef 1, 17-23, Paulo apresenta uma prece a favor da Igreja que está em Éfeso, que é um belo hino cristológico de celebração, de bênção e de louvor pela comunidade que vive a esperança, a fé e a caridade, contendo o resumo teológico da espiritualidade daquela comunidade. É dirigida a Deus, “Pai glorioso”, Deus de nosso Senhor Jesus Cristo. A comunidade vive a maturidade cristã no presente com a perspectiva salvífica futura. A maturidade cristã caracteriza-se pela ação do Espirito Santo que manifesta a sabedoria, a revelação e o conhecimento do Deus Pai que age no Filho. A riqueza da glória de Deus explode como um hino a Jesus Cristo. Percebemos uma síntese do credo centrado na Ressurreição de Jesus, pois somente a Ele sãos dadas a potência, o poder, o senhorio, qualidade supremas exclusivas de Jesus Cristo Ressuscitado, porque na ressurreição e exaltação revela o Deus de Jesus Cristo. Conclui-se com o Cristo cabeça da Igreja, que é seu corpo e sua plenitude. Cabeça e corpo, nova noção de plenitude, lembra o rompimento do passado com a nova realidade inaugurada por Cristo, como fluxo vital e unificador do povo de Deus, vivido e entendido na Igreja, novo sentido universal dos fiéis em Cristo.
O Evangelho nos traz a última mensagem de Jesus Cristo a seus apóstolos (Mt 28, 16-20). O episódio da ressurreição parece encerrar toda a história de Jesus de Nazaré, mas termina uma página de sua vida e inicia outra. A comunidade é convida a escutar a última e definitiva revelação. Sobre o monte ressoa uma palavra gloriosa para os apóstolos.
Três fatos dessa passagem de Mateus servem para reavivar a ressurreição e conformar a fé em Cristo: autoproclamação, quando Jesus declara que o Pai lhe deu poder ilimitado e universal; a origem explícita da Igreja, dando-lhe a missão evangelizadora por todo o mundo; assegurada a promessa de permanecer na Igreja até o fim do mundo. Cristo e Igreja são inseparáveis. Transmite seu poder aos apóstolos e os encarrega de continuar sua missão a todos os que ainda não o conheciam, por isso envia os seus com todo o poder que o Pai lhe dera. Para ser salvo é preciso tornar-se discípulo, portando, deve ser batizado e conhecer as exigências do Reino. A Igreja não é apenas uma comunidade de santificados, mas participa de uma nova vida. Não é de pregadores de sacristia, mas de semeadores que saem a campo, enfrentando o mundo como Cristo o fez. Ele mandou que saíssem e ensinassem a todos e estaria com eles. Ele não deixou a Igreja sozinha, caminha com ela, a sustenta, encoraja-a, purifica-a. Caminha junto.

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