SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS
- encontrobiblicocat
- 27 de jun. de 2020
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A Igreja celebra, hoje, a solenidade de suas duas colunas que a sustentaram e continuam sustentando. Pedro, escolhido por Cristo para ser o seu primeiro sucessor, o príncipe dos Apóstolos , e Paulo como elo de dois mundos, confirmando a Igreja entre os gentios e ensinando aos judeus que a salvação se alcança em Jesus Cristo. A Lei foi a grande pedagoga que conduziu o povo eleito ao Messias esperado e, agora, cumprida sua missão, dá espaço ao Filho de Deus que redime os eleitos: judeus, gentios, prosélitos, romanos, gregos, escravos, livres, homens, mulheres (cf. Gl 3, 23-28).
Na liturgia de hoje a Igreja escolhe para a primeira leitura o relato da prisão de Pedro e sua libertação milagrosa (At 12, 1-11). Movido pelo ódio aos cristãos, o rei Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande, governadora Judeia, manda encarcerar Pedro e planejara matá-lo depois da Páscoa. A Igreja, por sua vez, usava as armas de que dispunha: orando sem cessar por ele a Deus. Passada a Páscoa (judaica), quando Herodes cumpriria seu desejo, Pedro, vigiado pelo guardas, acorrentado e prestes a ser imolado como o verdadeiro Cordeiro, é libertado pelo anjo do Senhor. Da sua libertação, acordado, lúcido, faz a profissão de no seu Senhor, como já a fizera em Jo 21, 15-18: “Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo, livrando-me das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu”.
Como Jesus, Pedro é preso por ocasião da Páscoa. A Igreja passa pelo Batismo do martírio, mas ainda não, porque sua missão apenas começa. As raízes da cruz ainda não se estabeleceram profundamente. O Chefe eleito por Cristo apenas começa sua tarefa para consolidar a Igreja entre os judeus. Deus age e Pedro é seu instrumento.
Na Carta Segunda a Timóteo, 4,6-8.17-18, que e uma das que denominamos Pastorais, ou cartas pontifícias, delegando a Timóteo a tarefa de organizar a Igreja e eliminar os desvios do Evangelho. É um discurso de despedida diante de sua eminente morte. Recomenda o combate aos falsos pastores. É uma confissão de que foi fiel ao Evangelho e à missão que o Cristo lhe deu e espera que Timóteo dê continuidade na organização e consolidação da Igreja.
Com Mateus, 16, 13-19, começamos a entender a missão petrina. Incialmente temos três revelações no diálogo de Cristo com seus discípulos: a confissão de fé de Pedro (13-20); o anúncio da morte e ressurreição de Cristo acompanhado da fraqueza de Pedro (21-23) e o convite feito aos discípulos no segmento da cruz (24-28). Pedro, em nome dos Doze, reconhece Jesus como Messias, o Filho de Deus, mas em seguida manifesta sua fragilidade humana, discordando do sofrimento.
Cristo nomeia Pedro como chefe da Igreja, mas em seguida diz que ele é um obstáculo à sua missão. Nesta conversa de Cristo com Pedro nota-se uma progressão: primeiro nasce a confissão cristológica, reconhecendo que Jesus é o Messias, Filho de Deus, nele estão a divindade e a humanidade, e, ao mesmo tempo a eclesiologia, com Pedro dirigindo a Igreja como seu fundamento e chefe. Do diálogo sobre quem é Jesus, a resposta de Pedro, representando todo o grupo, é uma manifestação de fé. Da boca de Pedro emerge a fé da Igreja primitiva, iluminada pela ressurreição de Jesus e inspirada pelo Espírito Santo. Da resposta de Cristo, temos uma bem-aventurança a Pedro e uma constituição fundamental da Igreja. Jesus proclama bem-aventurado Simão, filho de Jonas. Não se trata de méritos de Pedro, mas da revelação do Pai, da graça do Pai que lhe revelou esse mistério. Tem muito a ver com o canto de louvor de Cristo: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos (Mt 11,25-26). Mais que uma promessa a Pedro, está a sua eficácia que produz frutos na Igreja constituída sob o fundamento e chefia do apóstolo. Pedro é Kéfas, rocha para a Igreja. O apóstolo é a base do edifício messiânico. Ekklesia (Igreja) indica a comunidade de Deus reunida em assembleia. Jesus estabelece Simão como fundamento da minha Igreja, do novo povo de Deus. Com essa estrutura espiritual, as forças do mal não poderão abalar os seus fundamentos. A Igreja passa a ser o refúgio contra as forças da perdição, uma comunidade de salvação.
Na imagem deste diálogo de Jesus com seus discípulos, destacamos: Jesus constrói uma comunidade messiânica, isto é, um novo povo de Deus colocando Simão com seu funda
mento; abre as portas do Reino dos Céus para seu povo: Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra, será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
Hoje, o Papa é o sucessor de Pedro, e como consequência, de Cristo. O nosso respeito e amor ao Papa é respeitar a Igreja como instituição cristológica. Rezamos pelo Papa, pela sua fidelidade, pelo seu governo. Temos uma Igreja de dois mil anos porque ela é uma, santa, católica e apostólica. Prometida e assegurada por Cristo até o fim dos séculos.

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