Ano C – 4º DOMINGO DO TCO - PREÇO DA VERDADE
- encontrobiblicocat
- 30 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Continuamos com as leituras e os temas bíblicos do domingo passado. Início da vida pública de Jesus. Ele está na Sinagoga de Nazaré e conclui a leitura de Isaias. Mas a liturgia nos coloca, como ante sala da vida pública de Jesus, figuras do Antigo Testamento, e hoje na profecia de Jeremias, mostrando sua vocação (Jr 1, 4-5. 17-19). Deus chama, prepara os que aceitam o chamado, fortalece-os diante das crises, os faz fortes diante de seus inimigos. E Deus começa dizendo ao profeta que fora escolhido antes do seu nascimento que ele “o nomeará profeta das nações”. Deus pensa em Jeremias antes dele nascer como seu mensageiro. A ação de Deus se resume em: te formei, te escolhi, te consagrei para ir aos outros, a todos os povos, para entregar-se aos outros. O modo dessa entrega será a de um profeta, de uma pessoa que fala em nome de Deus. À ação divina segue a reação humana, Jeremias tem medo por causa da grande missão, julgando-se incapaz para realizá-la e por ser jovem. Mas Deus o reanima, não aceitando seus argumentos, prometendo que estará com ele. Jeremias tem medo, não da mensagem que lhe é confiada, mas da sua tenra idade, sua juventude. Tem medo de si mesmo. Quando somos escolhidos por Deus devemos medir nossa capacidade para falar d’Ele, mas devemos confiar em Deus que nos conhece por dentro, ainda no ventre de nossa mãe, antes do nascimento. Vivemos por Deus e para Deus, somos instrumentos de sua mensagem.
Na segunda leitura continuamos com São Paulo (1Cor 12,31-13-13), no hino à caridade. São Paulo mostra que a caridade é a maior de todas as virtudes. Ela supera o dom das profecias, todos os conhecimentos humanos, supera a fé, todos mistérios revelados. Enfatiza as qualidades da caridade, concluído que ela jamais passará. A fé e a esperança passarão. Ganhando o céu, não precisaremos ter fé, porque veremos Deus frente a frente; não precisaremos de esperança, pois já alcançamos o que esperávamos. Mas a caridade permanece na vida eterna, suplicando a Deus pela Igreja Militante. O texto nos lembra que não podemos fechar em nós mesmos, isolando-nos dos outros. São Paulo exorta de que os carismas não podem fechar-se em si mesmos. Os dons do Espírito Santo são comunitários. Mesmo que fale em línguas, mesmo que profetize, mesmo que tenha toda a fé, se não tiver caridade para nada tudo isso servirá. E às vezes fazemos uma separação entre os dotados de carismas, os sábios, os virtuosos, colocando os que não mostram esses dons como pessoas inferiores. E São Paulo nos chama a ter a maturidade do amor, deixando a infantilidade de cristão para sermos adultos no amor. Não é a experiência dos carismas que exprime a perfeição da salvação, mas sim o ágape, que é a verdadeira definição do cristão.
São Lucas (Lc 4, 21-30), também em continuação às leituras do domingo passado, mostra o espanto dos nazarenos diante do filho do carpinteiro, um qualquer que vive entre eles aparece como o que sabe tudo. Jesus está no meio dos chamados entendidos bíblicos, na Sinagoga, então recorda algumas passagens, como os profetas Elias e Elizeu para mostrar que seus milagres não foram para todos. Em outras palavras, também no seu tempo há pessoas incapazes de aceitarem a sua pregação. Os nazarenos ficaram revoltados com a comparação e querem matar a Jesus. Os homens não gostam de dar crédito a um futuro novo, como foi e de Jesus para os judeus. E Jesus sai do esquema sem dar garantia, pois é um deles, é o filho do carpinteiro. Lucas já está descrevendo o futuro de Jesus. Para os habitantes de Nazaré a novidade seriam curas, milagres. Mas Jesus vai mais longe, leva a salvação aos gentios, como fizeram os profetas Elias e Elizeu, da primeira leitura.
Vamos, no silêncio, professar nossa fé ao Deus único, viver nossa caridade em uma comunidade enfraquecida, mostrar nossa esperança até o dia em que contemplaremos a Deus frente a frente. Precisamos ser adultos no amor.

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