SOLENIDADE DE PENTECOSTES
- encontrobiblicocat
- 27 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Realiza-se a promessa de Jesus feita aos apóstolos, antes de retornar ao Pai, com a vinda do Espírito Santo, constitui e manifesta a Igreja, começa a missão de levá-la a todos cantos da terra. Lucas faz um relato suscinto sobre a teofania de Pentecostes, At 2, 1-1. Nessa narração, Atos apresenta os traços teofônicos, os fundamentos catequéticos, os títulos cristológicos, o início da Igreja. Lucas aproveita a festa de Pentecostes, uma celebração judaica para apresentar as primícias da colheita exigida em Nm 28,26, portanto, uma festa agrícola, celebrada a cinquenta dias depois da Páscoa judaica (cf. Lv 23,15-22), recordando a amizade do Senhor com Israel. Lucas, colocando a manifestação do Espírito Santo numa festa judaica, mostra que a plenitude, prometida aos profetas, se realiza em Jesus Cristo. No acontecimento do Pentecostes nasce a Igreja com o sinal visível da aliança que se cumpre pela efusão do Espírito Santo. Lucas mostra isso em três fases colocadas no início da narração: “no completar o dia de Pentecostes, encheu-se a casa, todos ficaram cheios do Espírito Santo”, indicando que o tempo da plenitude chegou e que o Plano de Deus está se realizando.
A vinda do Espírito Santo é apresentada com os traços de uma teofania bíblica, indicando que Deus está agindo. O sopro indica a força divina, e o fogo, a presença do Altíssimo. Lucas sabe que o evento não tem correlação humana, só com linguagem figurada pode ser apreendida, por isso destaca que o ruído se manifesta de repente aos apóstolos, no Cenáculo, em línguas que são como fogo. Não se trata de uma manifestação subjetiva nem de alucinações, mas de um acontecimento concreto que depende da ação de Deus, embora narrado numa linguagem simbólica. A intenção de Lucas é deixar claro que a Igreja nasce pela força de Deus, por isso a Igreja não pode ser considerada como uma organização humana. Por isso, a comunidade passa por um fenômeno passivo: “ouvimos em nossas línguas apregoar as maravilhas de Deus”. O que quer dizer que os apóstolos falavam em sua língua, enquanto os ouvintes entendiam em suas línguas nativas. É a festa da manifestação da Igreja ao mundo.
Na segunda leitura São Paulo, 1Cor 12, 3b-7.12-13, ensina aos coríntios sobre os carismas e como usá-los. São dos do Espírito Santo e que podem ser manipulados por falsos carismáticos. A aceitação de Jesus Cristo e sua rejeição depende da ação do Espírito. É o mesmo Espírito que os distribui aos fiéis, sem discriminação, e para a utilidade comum da Igreja (4-11). Os coríntios não podem ficar na ignorância, seguindo as praxes pagãs com fenômenos de exaltação ao mundo de caráter fenomenológico. Essa experiência é escravizante. O Espírito, ao contrário, caracteriza-se pela força que leva à livre confissão de fé em Jesus como o Senhor. A obediência e adesão a Jesus é realizada pela força do Espírito, e não por fenômenos religiosos. Isso caracteriza o carisma, daí que quem rejeita Jesus Cristo jamais pode reivindicar a inspiração divina. Paulo insiste que Jesus Cristo é o Senhor, caracterizando sua transcendência divina.
Paulo lembra e reforça que a única fonte dos carismas é o Espírito (vv. 4-11), doados por Senhor, como um alongamento trinitário, como doadores de “serviços” e de “atividades, como único princípio ativo e operante. Tratando de carismas, não se refere a super-homens, mas da ação do Espírito, é a conclusão, depois de anunciar os carismas: “Tudo isso é obra do único e mesmo Espírito”.
No Evangelho, Jo 20, 19-23, o evangelista diz que no final da tarde do mesmo dia, ou seja, celebração pascal cristã, domingo, trata da aparição de Jesus, ou “vinda” do Senhor, na celebração eucarística. Cristo, com o lado aberto, é o Cordeiro da Páscoa cristã donde provêm os dons da paz e da alegria, e do Espirito Santo. É o retorno de Jesus a seus apóstolos prometido nos discursos de despedida, ainda não completo que acontecerá com a descida do Espírito Santo sobre os discípulos. Ao mostrar o seu lado aberto, tenciona fazer-se reconhecido como o Jesus cravado na cruz. Também mostra o lado aberto, traspassado pelo lança, de onde corre sangue e água, isto é, o Espirito, ao qual estão ligadas as revelações completas e a economia sacramental. O gesto de soprar sobre os apóstolos significa que Jesus suscita sobre os seus uma vida nova no Espírito Santo, capazes de cumprir a missão recebida. Jesus lhes confia, também, a missão de perdoar ou não os pecados. Entregando aos seus apóstolos essa missão, o Senhor lhes dá o encargo de perpetuar no mundo o seu próprio poder de vivificar e de julgar. E a Igreja exerce esses poderes com a pregação, o batismo e a penitência.

Comentários